sábado, 5 de junho de 2010

2º Ato - O vendedor nordestino (1ª parte do causo)

Logo no dia seguinte, não suportando mais uma tosse chata que não lhe deixava em paz (estilo “Roberto Carlos especial de fim de ano”), o caipira saiu rumo a uma farmácia. Ainda sem censo de direção na nova vila, virou à direita. Andou quatro (grandes) quarteirões para achar uma, quase a distância da sede da fazenda até o silo de grãos. Se tivesse virado à esquerda, teria dados uns 30 humildes passos, o mesmo que ir ao galinheiro no fundo do quintal. Eis que está voltando pra casa, louco pra tomar o xarope – que não era igual ao que sua avó mandava fazer, com mel, própolis, guaco e outras cositas más – e quando vira a esquina, se depara com um daqueles vendedores nordestinos, parado do lado de um caixote de feira, forrado com jornal e cheio daquelas pomadas-que-servem-pra-tudo (tudo mesmo. O vendedor citou, no mínimo, umas 15 indicações da tal pomada), vendidas numas latinhas douradas e redondas. Ele passa, olha pra “loja” e segue seu caminho.
- Ô, fulano, quanto tempo!.
Por um instante ele pensou ser impossível alguém ali estar lhe chamando, principalmente o tal vendedor. Afinal, sua vila era outra, bem distante daquela. E continuou andando.
- Ô, rapaz, tá sumido da academia...
Tamanha sua curiosidade, o caipira resolve olhar pra trás. A única coisa que ele não deveria ter feito.

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